sábado, 28 de fevereiro de 2015

Era pra ser uma noite, mas virou escuridão

 E ela que não espera nada é surpreendida com flores e a promessa de um jantar.
 Ela que nada pedia, só companhia queria,  foi contente se arrumar.
Tomou um banho, passou batom, vestiu roupa bonita e danou a sorrir. Era seu dia,  noite de alegria,  só deles,  só de dois, só pra namorar. Enquanto lutava com o fecho da pulseira pensava "não preciso de outras duas mãos pra fechar, mas se precisasse, eu as teria aqui agora... "
Ele sugeriu teatro,  ela aceitou mas não entendeu. Só queria o jantar,  a surpresa que ele prometeu. Telefone toca, a cara amarrada,  e ela que nem havia feito nada,  foi o alvo de um novo estranho humor. Tempo passa e a cara se fecha. As pernas dela em movimento, que um dia foram objeto de graça,  hoje ele achou um irritante incomodo e  desalento. Tudo nela o irritava, desde os pés até a energia e o sorrir. Pisca os olhos,  abaixa a cabeça, ela já não lhe importa. Ele, o humbigo dele e sua irritação.
A noite dela já não é de graça... Engole o choro, sustenta uma farsa. Ela rima as palavras pra não ter que invejar o casal da mesa ao lado que conversa, namora, sorri.
Em casa se fecha, se joga no colchão, dorme e ronca sem lembrar de nada,  nem de dar um beijo, um boa noite,  um carinho naquela que de todos é ela,  quem lhe cuida e lhe estende a mão.
Ela no quarto,  chora a noite de horror, o sonho perdido,  o encanto que passou. Enquanto mexe no fecho da pulseira, agora deseja ter ali: aquelas duas mãos para ajudar a abrir,  aqueles olhos que um dia a amaram, aquela presença que se fazia sentir.
Deita, cala, espera a dor passar. Se enrola no travesseiro,  abraça a pelúcia nova e chora...  E seu coração? Agora só deseja mais tempo para ter certeza, mais tempo para não falhar na escolha. Mais tempo para ter certeza absoluta que é esse que merece receber o seu brilhar.