Lembro do dia em que ela partiu. Tantas esperanças, tantos sonhos, tanto futuro sem olhar para trás... Em seus olhos habitava o brilho da expectativa. Ela corria de um lado para o outro, olhava pela janela aquele novo lugar que seria seu novo lar. Quando arrumou suas malas, fez questão de colocar tudo, não queria voltar não queria que nada lhe faltasse. Foi enchendo, empacotando, empurrando, fazendo todo um munda caber apenas em suas duas mãos. Deixou os passos livres para voar, não levou as chaves e nem o casaco, agora ela quem cuidaria de si. Sabe, ela sabia o quanto sentiria falta, mas mesmo assim, não deixou o medo lhe frear. Mala no bagageiro, pés na porta, olhar para frente e em alguns instantes, ela se foi. Tentou ignorar as lágrimas que surgiram com a sua partida, preferiu acreditar nos sorrisos que a receberiam a cada volta. Encarou o mundo, se jogou de cabeça e quebrou muitas vezes a cara, a alma, o coração. Ela correu como quem não tem o que deixar e viveu como quem não tinha o que partir, mas ela, com a garganta seca e o peso nas costas, carregou sua vontade e escalou tudo que lhe impôs resistência. Subiu e desceu, colou e partiu, acreditou que conseguiria, mesmo sem saber bem o que. Ahhh, lembro bem do dia que ela partiu. Com uma única vontade para matar, ela não mediu o tamanho do mundo que encontraria... Mas ela foi, e ela vai, todo dia para bem longe, para ali na esquina, para dentro, ela vai, ela foi, ela ainda irá. Ela descobriu que tem asas cedo demais, por isso vive assim... Quer saber? Como eu me lembro daquele dia, em que algumas pessoas tentaram acolhe-la que com um beijo e um abraço, logo se despediu de tudo que conhecia para agarrar toda ignorância que a esperava, e naquele dia, ahhh ela foi direto para a interrogação e com seus sonhos a tira colo, seguiu em frente não tendo um sim, mas continuou sempre sem aceitar qualquer não. Naquele dia ela se foi, naquele dia só o querer lhe impulsionava, naquele dia ela cresceu, naquele dia se transformou, naquele dia ela sozinha dentro dela descobriu... Sim, me lembro bem daquele dia. Que saudade daquela menina tão doce que chegou a porta desse mundo novo.
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