domingo, 3 de maio de 2015

O soco, a dor, o amargor

 A sensação é de uma porrada na cara.
Um soco que vem da onde...
Engraçado quando a gente conhece tanto uma pessoa, mais do que ela imagina.
As palavras que não vem. Ela olha, olha, olha... Algo ressoa e não diz nada.
Ela não percebe, mas você já sabe. Antes dela pensar em dizer, você já sabe tudo que ela pensa, todas as opiniões, mesmo sem ela o dizer em voz alta.
De qualquer forma é inevitável, quando ela finalmente deixa as palavras escorrerem boca a fora, você sente um soco, uma dor, uma pressão. Embora o conhecimento existisse, ouvi-lo em voz alta é muito pior do que os momentos que você lê aquela mente...
É uma bosta. É bom ser o número dois, mas também é uma bosta, porque quando você só tem que aguentar você mesmo, suas cobranças internas, suas frustrações, já é algo péssimo e incrivelmente dolorido, mas quando é alguém que te esfrega na cara seu atual fracasso e sua inutilidade em tudo que sonhava, você percebe que é uma bosta...e que agora, não tem jeito. Você tem que lutar pra provar para mais uma pessoa (como se já não bastasse para o resto do mundo) que você não é uma completa inútil sem vontade e inerte pela vida.
Um soco na cara, o sapo na garganta, e a familiar dor da incompreensão predominante ao seu redor amargando na ponta da língua.

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