segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

É

O nó nos cadarços tão rotineiros, já está dado, basta enfiar o pé.
O alarme toca no mesmo horário e como sempre, viramos para o lado afim de escapar daquele irritante despertar. É hora. Espreguiço como um gato, resmungo. Esfrego os olhos, um bocejo, me jogo para fora da cama, é hora.
De olhos fechados, vou até o banheiro, xixi matinal. Lavo o rosto, escovo os dentes, encaro a cara amassada que sente mais um dia pela frente. Ali naqueles olhos um história que ainda não se apagou...
Calça, camiseta, meia furada, onde está o outro pé? Pé no calçado, basta enfiar o pé e... travou. O nó está apertado, não cabe como antes, quem foi que apertou? O outro pé ainda se encaixa, mas e esse? O pé cresceu ou foi o calçado que diminuiu? Empurro, puxo, aperto, machuco, ainda não cabe, bela cinderela você se transformou.É hora.
Paro. Olho mas não vejo. Não há nada para ver.
Não volto para cama, embora eu queira. Arrumo o cabelo, cacho por cacho, ondas para todos os lados e muito fio arrepiado, "é o frizz", ouvi alguém dizer...
Engulo um copo de suco, pego minha mala, ignoro o espelho.
Chave na porta, ar da rua, barulho, barulho, barulho, silêncio. Cadê a dança pela sala?
Porque basta enfiar o pé para que tudo se ajeite, mas se ele não entra o que você faz? Você chora, você ri e continua. Você corre, muito rápido, sem cansaço para olhar para trás. Não tem tempo, não tem hora, é tic é carro é vento é balão é festa é livro é voz é pé é olho é cama é suor é sono é hora é cansaço é força é dor é palco é espelho é dever é lágrima é beijo é água é querer é dinheiro é fome é hora é barriga é ar é cabeça é armário é bagunça é chão é tac é galo é vontade... é hora... é e é, e é, e é, e é, e é mais, e é mais um pouco, e é outra coisa, e é um pouquinho, e é outro gole, e é outra vida, e é esqueci, e é não deu, e é amanhã, e é o tempo incoerente e incerto que não passa e que só teima, inventa, modifica e ás vezes se apaga... É hora.
E nesse ínterim, o nó nos cadarços que eram tão rotineiros, se aperta, e não cabe mais o pé. O outro anda frouxo, mas não serve se não tiver o seu par.

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Uma lágrima

Aquela lágrima do canto esquerdo do olho não se trata de você, aquela ali, é sobre mim. Enquanto escorre salgada e lenta por minha face, ela tenta inutilmente varrer a descrença que surgiu essa tarde.
Não, não está tudo indo bem. Você mesmo disse uma vez que sabe quando está dando certo quando surgem resultados no seu caminho. Eu não vejo resultados, nem oportunidades. Por aqui, tudo continua cercado por pedras quebradas e espremidas, sem nenhum gota de água por perto...
Eu já trilhei muitos caminhos sabia? Tenho andado solta por esse mundo, meio acompanhada, na maioria das vezes sozinha, mas sempre atrás de um aquilo que nunca vem.
Olhei por entre outras frestas e não me encontrei em nenhuma delas. Estou tão distante de tudo aquilo que a impressão que tenho é que nunca vou chegar...
Muitas vozes que dizem o quanto sou boa e nenhuma porta aberta por onde seguir.
De repente, assim, do nada, dá vontade de desistir... Você quer saber por que? ... ... ... ... ... ... ...
Muitos pontos seguidos, nenhuma conclusão. Estou tão cansada...
É, é fraqueza sim... É isso que tenho sido, fraca.
E aquela lágrima, ela, ainda está aqui, ainda não se saciou, nem fez todo o percurso, nem limpou tudo que pretendia... Ela está aqui perdida nos meus olhos buscando uma forma de se acabar.

O tempo passa né?

E na reta de um sete com a volta de um sexto foi a última vez que apareceu. A última em que fez seu teatro esplendoroso onde fingia me amar. Lembrei disso ao acaso, enquanto procurava receitas de natal uma caixa antiga se abriu por engano e nela mil palavras minhas de amor voaram, palavras que foram jogadas fora como pérolas jogadas aos porcos.
Foi sujeira sabia? Isso que você fez... Uma merda tamanha para alguém que só ofereceu amor.
Sabe o que sentia enquanto lia aquelas palavras? Nada. Talvez um pouco de pena da menina, tão iludida, pena porque se deixou envolver, mas só. Daqueles sentimentos não senti nenhum tipo de proximidade, nem a saudade que as vezes surge após um mini flash back... Nada. O que restou de tudo aquilo, foi nada.
Sinto como se tudo não passasse de um filme de péssimo gosto de uma sessão da tarde de terça feira.
O tempo voa mesmo quando paramos de prestar atenção nele...
E por que perco tempo falando sobre isso? É estranho, mas de alguma forma acho que descobri a razão dessa cagada no meio do caminho... Dizem que depois da tempestade, vem a "bonança", não é? Se for mesmo assim, então tive que passar por toda essa água para encontrar a melhor bonança que poderia existir. Obrigada pelas nuvens!

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Reticências que acontecem...

Hoje eu chorei...
Conversava normalmente com uma amiga e chorei...
Chorei pelo medo que tenho que mudar e pelo futuro que se mostra sempre tão incerto;
Chorei porque não pude conter as lágrimas do meu medo.
Passei a vida tentando ser resiliente, e ainda persisto noite e dia nessa função. Mas às vezes, ahhh às vezes
fica impossível impedir que gotas de sal brotem dos meu olhos e tragam a tona toda a insegurança que sou.
Mudar também é um jeito de crescer... Sonhar é o primeiro passo para ter...
Mas eu, com todos os passos contados desde que saí dali, com todas as pedras bem cravejadas em cada pedacinho do meu caminho, ainda perco o ar quando se trata da escuridão, ainda tateio por lugares que desconheço, ainda corro se não posso olhar para trás...
Sim, hoje eu chorei... E sei que amanhã ou depois ou daqui um ano, isso voltará a acontecer. E em cada lágrima perdida, eu irei buscar a coragem que preciso para enfrentar o novo, afinal, nunca fui de terra, sempre fui mais de vento.
Como bom espírito livre que sou e como toda menina que tem asas nos pés, sigo em frente. Tremendo sim, mas em frente, pois quando temos outro par de mãos para nos segurar, nada mais importa.

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Um pedaço de pano...

Eu acho que você pensa, mesmo que sem querer, que aquele pedaço de pano que quero comprar, é para agradar a outro alguém;
Acho que talvez, uma parte de você, que muito provavelmente você tenta ignorar, pensa que quero ficar bonita, me mostrar, aparecer, para alguém que não é você;
Eu sei que não é de propósito, e sei que deve estar se recriminando toda vez que esse pensamento surge na sua mente, mas ainda assim, acho que pensa que esse pensamento pode ser real;
E não que veja algo nessa intenção, acha apenas ser um querer enfeitar-se, sem qualquer outro desejo oculto além do causar admiração alheia;
Olha, acredite, não é!
Em outro ano, quando nenhum passado existia, eu também quis um novo pedaço de pano. E no ano anterior, também. O enfeite e o brilho, nunca foram direcionados a lugar nenhum que não fosse a minha vaidade feminina querendo aparecer. Junto a ela, bom gosto e recato também eram ingredientes importantes.
Eu sei que brinca e que não fala sério, e ao mesmo tempo sei que é inevitável certos sentimentos...
Confesso, sou humana, e como tal alguns sentimentos obscuros também rolam por aqui.
Fui triste, fui conformada, fui apática, fui morta. Depois feliz e insensível a todo o resto. Mas agora, e você sabe bem porque eu já comentei, sinto raiva, de mim e do outro, das escolhas erradas, da cegueira momentânea, da burrice iminente. E mais do que nunca, a vontade que rola, é que a dor provocada agora seja sentida por aquele que me fez sangra. É desejo de vingança? Pode ser. Mas no fundo é apenas aquele pedacinho de carne maltratado que ainda se sente injustiçado. E existe certo e errado quando tratamos o sentir? Não sei...
Queria ser nobre o bastante para falar QUE SEJA FELIZ com a verdade da alma, mas sou de carne, osso e lembranças, só consigo querer QUE SE EXPLODA!
E esse pedaço de pano? Acredite é para mim. E acredite ainda mais quando digo que embora o impulso tenha vindo de um evento, é também muito mais para você, do que para isso!
Sempre gostei de pedaços de pano, estampados, lisos, multicoloridos. Mas foi seu olhar junto a minha vontade de girar que me iluminaram, não percebeu? É o jeito que me olha quando o coloco em mim, é o jeito como sorri quando meu olhar encontra o seu, é a cor que seus olhos tem quando apareço que me fazem querer ainda mais outro pedaço de pano para mim.
É sincero quando digo que te quero lá comigo. É sincero quando comento que poderia me buscar. É sincero quando digo que te amo e é só a você que quero agradar.

E se com esse pedaço de pano, quero atacar uns, com esse mesmo pedaço de pano, quero amar você.