Devaneios de um pássaro aprendendo a voar... Asas nos pés, mente solta, alma livre.
quinta-feira, 8 de agosto de 2013
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Ela acordou meio inquieta. A cama tão gelada e vazia, teimava em lembrá-la de mais uma noite solitária que passou. O teto a encara desafiador, inquerindo-a sobre suas ações, antes tão certeiras, agora tão perdidas. Ela vira para o lado, põe sua testa na parede, aquele frescor de gesso talvez lhe traga algum sentimento reconfortador... Nada. Mesmo com os olhos fechados consegue sentir que até as paredes acusam-na por ser assim tão distraída. "Talvez de cabeça para baixo", pensou. Nada. Assim também não funciona. Nada funciona, nada aplaca, nada cura. E ela gira para todos os lados, pisca mil vezes e tenta se concentrar, muda de travesseiro, soca a janela com um ursinho... Urso de pelúcia velho, surrado, presenteado sabe-se lá por qual daqueles que um dia tentara em vão conquistá-la. Ele perdeu um olho, engraçado, ela também perdeu muito até ali. Agarra aquele pedaço de pelúcia, se encolhe na beirada da cama e chora, chora pelo tempo que passou e não lembrou de lhe avisar que a vida é curta, chora pelas lágrimas derramadas por quem não merecia, chora por ela e pela dor que a persegue mesmo sem fazer sentido. E o mundo ao se redor gira e finalmente desmorona, "Então é assim chegar no fundo do poço?". Não, é assim que se começa a levantar. Ela sabe que está fraca, sabe que foi ferida no caminho, mas não se importa, dentro dela habita uma luz que escuridão nenhuma tem força para apagar. Mesmo envolta de sombras ela sente que enfim, chegou o momento. O olhar ainda turvo, a cabeça meio tonta, os passos ébrios, o corpo meio incontrolado se lança ao novo. E o urso lhe sorri: "Vá, pode ir", então segue. Ela segue rumo ao seu futuro, ela segue para a sua vida que acabara de acordar. Ela segue, ainda um pouco sonolenta, mas com a gana necessária para se viver. Com fome de vida, com sede aventura. E mesmo que lhe perguntem por onde esteve, ela não irá olhar para trás. E se quiserem saber para onde vai, isso não lhe interessará. Ela senta na cama, põe os pés descalços no chão, se levanta, tira a roupa suada do medo e joga num canto qualquer, e despida de si ela sai em direção àquilo que tanto buscou.
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