segunda-feira, 27 de maio de 2013

e não sobrou nada...

 Eu não consigo mais falar... Não sei porque, mas por aqui, tudo cessou. Repito, por aqui não sobrou nada... As palavras sumiram, eu tento, tento, tento, mas não aparece nada. Nem pensar sequer eu consigo. Calaram a minha voz. Roubaram o meu sorriso. Arrancaram de mim o chão, as pernas, o andar, o caminho... Ah meu Deus, me ajuda a seguir em frente? Eu olho para os lados mas nem encontro saídas para fugir. Não restou um só pensamento na minha caixola agitada, daria muito por um fio de pensamento, só um...
 A sensação, é que me abriram os braços e pernas, nua, de peito aberto, e então começaram a arrancar minha pele, centímetro por centímetro. Arrancaram a unha minha camada de proteção, e eu nem consegui chorar, pois até isso me tiraram, até as lágrimas foram sugadas para um universo onde não consigo alcançar.  Varreram meus pensamentos para o infinito, calaram a minha voz, me tomaram o chão e a vontade de correr. Por último, levei uma porrada, forte, rápida, única, certeira, bem no peito, bem em cima do meu coração e eu sangrei... Sangrei enquanto meu coração partia em pedaços, sangrei enquanto ele se espalhava pelos cantos escuros da casa, sangrei e o sangue escorria pelo meu corpo, e queimava, e marcava, e ardia, e sangrava... E depois, me soltaram, me lançaram em um poço escuro, ou será que é apenas falta de luz? E eu não consegui me mexer. Acho que o tempo parou... e não sobrou nada. Estou oca, oca. Por aqui não sobrou nada... nada... e não sobrou nada...

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