Já decidi, vou ter uma overdose de você! Eu não sei bem porque, mas desconfio que se eu te tomar até a última gota, estarei saciando meu desejo a tal ponto que não sobrará mais espaço para te querer. Vou reviver nossos momentos juntos, vou chorar todas as mágoas de uma vez, vou gritar para o mundo um milhão de vezes meu amor por ti. Vou sucumbir à esse desejo que tanto me mata a cada dia de ausência sua e me afogar na sua presença repentina que de tão rara, quase chega a ser um sonho.
Estou intoxicada pelo uso exacerbado de você... Preciso me recuperar, mas antes necessito morrer nesse amor. Cada parte do meu corpo está impregnada com tudo que vem de ti, com seu aroma, com seu sabor, com as marcas dos seus carinhos. Já tomei mil banhos com bucha de aço e não consegui te apagar de mim. Portanto vou me afundar mais nesses sentidos que te trazem a tona até que não sobre nenhuma parte em branco, até que eu definhe e só fique o que veio da sua direção.
Eliminei todos os meus anti corpos que combatiam o amor quando entrou na minha vida e agora sofro com o mal que me causou, talvez fosse melhor ter me mantido protegida, talvez amar pela metade me garantisse uma volta à realidade solitária mais facilmente. Quem sabe manter alguns tijolos no meu muro antes intacto tivessem impedido a sua invasão no meu cotidiano.
Mas não fiz nada disso, me abri, me entreguei, me joguei de cabeça e caí de cara no chão. Quebrei todos os ossos, sangrei o meu sorriso com lábios abertos e mesmo assim olhei para os lados a sua procura quando consegui me levantar. Lágrimas não foram o suficiente, sangrar também não, eu preciso morrer em você para começar do zero.
Eu quero me expor excessivamente à você, nua de defesas, limpa da podridão, inteira em minha essência. E depois do último sopro de vida, vou me lavar e deixar que junto com a água vá embora todos os restos manchados do nosso amor, todas as marcas, lágrimas, sorrisos e sabores. Irei me reabilitar para uma vida além de você. Sofrerei com as crises de abstinência e tremerei ao segurar o telefone reprimindo a vontade de te ligar. Me trancarei no quarto e jogarei a chave pela janela para não abrir a porta para você. Te bloquearei da minha vida para que nenhum contato possa existir entre nós. Ficarei acordada se sonhar com você, e dormirei a base de remédios se estar desperta for doloroso demais. Me entorpecerei com outras drogas nas noites frias, beijarei outras bocas nos momentos de solidão, correrei longas distâncias se te avistar na esquina, tudo para eliminar qualquer vestígios seu.
E um dia, sem perceber, estarei limpa. Estarei sóbria desse amor. E quando me perguntarem o que fiz de você, responderei que apenas te bebi até o último gole, saboreei a última saliva que lembrava você e a cuspi no chão, só pra ter certeza de que o gosto doce que um dia existiu ali, se foi de vez.
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