segunda-feira, 27 de maio de 2013

hoje

 E na loucura de procurar por você o tempo todo, tento desesperadamente ocupar todo o meu tempo na ilusão de que assim, não pensarei, não sofrerei a falta que me faz... Droga, começou  a chover, não gosto de chuva nos dias que estou triste, ela não lava minha alma nesses dias, ela me varre junto com ela para um lugar escuro e frio, e me deixa mais perdida. Antes quando eu chorava, chovia... Que inveja de ver a chuva molhar a água que já não tenho dentro de mim para deixar escorrer...
 Pretendo ir para algum lugar quando sair do trabalho, talvez assistir Elena, um filme que quero muito ver. Comprar um sanduíche gorduroso e sem graça do Mc para comer durante o filme, e uma barra de chocolate de sobremesa. Mas com esse tempo, vou acabar me arrastando apenas para meu sofá, se pelo menos eu tivesse um filme novo para assistir... Nada contra os velhos, eu adoro todos, mas preciso de frescor, algo diferente, sabe?
 Meu corpo não colabora comigo, ele teima em adoecer, acho que é minha alma que tenta escapar de mim.
 Sabe, as pessoas me descrevem com expressões interessantes, bonitas até: "você é uma mulher única, auto suficiente, você não fica esperando, você levanta e vai atrás, vai lá e faz mesmo e pronto, e é isso que sempre admirei mais em você", "você tem a alma livre, é uma pessoa linda, um passarinho", "você preza sua liberdade de ficar um pouco dentro de você", "você não é esposinha, é a mulher mais pausuda que conheço", "você é forte, independente", "você é dominante, e quer dominar o mundo também", "você é um ser fora desse planeta, as coisas te tocam de maneira diferente, você pensa, vê, sente de maneira diferente, nem todos compreendem isso", "você nasceu para ser livre, você não consegue ficar onde se sente presa", "você é independente demais, descolada demais e isso assusta", "você é especial, é diferente da maioria das mulheres, você não se enquadra dentro de um padrão"... Eu me pergunto, se sou mesmo tudo isso, por que não consigo me enxergar assim? Ou melhor, para onde foi essa super mulher?
 De todas as descrições, a que gosto mais é VOCÊ TEM A ALMA LIVRE... Porque essa sempre me disseram, essa vira e mexe, de uma forma ou de outra, alguém repete isso para mim. Eu mesma sempre afirmei que sou um espírito livre, um cavalo desses selvagens, que não nasceram para serem domados e usarem cabrestos, mas para correr livremente. Ou um pássaro com asas grandes demais para conseguir viver enjaulado. Gosto de ser um passarinho... Minha mãe sempre dizia quando tinha a impressão de estar perdendo o controle sobre mim "EU VOU CORTAR AS SUAS ASAS", várias e várias vezes ela disse isso, mas nunca cortou. Outros também tentaram, mas eu não permiti.
 Agora, sem forças para voar, eu preciso voltar para mim, descansar um pouco, me perder comigo mesma. Ocupar meu tempo é só uma fuga desesperada, já quase desesperançada...
 Hoje senti um frio na barriga, parece que uma pequena borboleta ficou escondida aqui, bem fraquinha, meio apagada, mas ela se recusou a me abandonar. Hoje ela deu um pequeno salto quando um vestígio seu apareceu... Pobre borboleta, esse salto não foi suficiente para lhe dar impulsos para voar...
 Vou me distrair, sumir um pouco, ver caras de pessoas que não pretendo conhecer, adormecer minha mente, anestesiar mais meu corpo, esse corpo que teima em adoecer... Sim, semana passada inteira eu sofri os reflexos de tantas aflições, enjoos, dores, diarreia, vômitos, franqueza, tontura. Agora somam-se alergia, dor de cabeça e apatia. Não vou me render, vou me distrair e meu corpo também terá que esquecer.
 Trabalho, almoço, cinema e chocolate, filme novo, sofá, soneca, internet, banho, rua, teatro, celular, música, violão, dor, solidão, torpor... "é vital para algumas espécies realizar o torpor para aguentar baixas temperaturas e guardar energias por longos períodos sem alimento..." É isso, vou continuar a realizar o torpor nesse período que terei que aguentar ficar sem você...




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