Ela abre os olhos, senta na cama, e se pergunta pra onde foi àquele sorriso rotineiro das manhãs de domingo.
Ela anda pela casa, bebe um copo de leite, olha em volta e procura por aquilo que nem sabe o que é.
Ela põe uma camiseta velha, deita no sofá, assiste um filme e espantas as perguntas que entram pela janela junto com o ar.
Ela traça seu cronograma diário, lê mais um capítulo de um livro, escova os cabelos e promete correr no dia seguinte.
Ela anda pela rua e tenta não pensar, pisca para um cara bonito e depois vira para o lado como se não fosse com ela.
Ela dança com as pernas de quem não tem o que perder, solta um riso frouxo e diz ser tão feliz, se joga no universo convicta de que nada mudou.
Então ela para, come uma mousse de chocolate e sem perceber chora, chora à mobilidade tão imóvel, e à normalidade tão mudada, chora por saber que a força aparentada esconde o equilibrista na corda bamba.
E depois ela segue seu caminho, confere a hora uma última vez, veste seu figurino e
sai pela porta aberta sem olhar pra trás.
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