domingo, 21 de abril de 2013

Vida adormecida

Acho que virei um zumbi. Será? Meus olhos estão abertos, então eu deveria estar acordada, não? Por que então eu não sinto fome, para onde foi àquela vontade constante que eu tinha de comer? O ar não entra mais nas narinas, meu peito não sobe e desce com minha respiração. Ando a esmo sem saber onde vou, arrasto meus pés sem saber direito como andar. Meu olhar perdeu o foco, vejo o vazio embora não enxergue mais nada à minha frente. A água salgada deixa turva a minha visão e só consigo me obrigar a ir para frente rumo há uma felicidade que nem sei se ainda existe. "É preciso viver como se não tivesse mais", "é preciso continuar como se fosse o fim", são frases que as vozes ao meu redor repetem a todo momento, será que elas não sabem que eu não escuto? A única voz que consigo ouvir é a dor gritando e vazando por cada poro do meu corpo, clamando por você. Eu estava preenchida e sua partida me esvaziou. Estou dormente, sonambula, um corpo sem vida fingindo estar saudável, um vida morta fingindo estar pulsante. A única coisa que resta viva são as lembranças, tão fortes, tão intensas, tão presentes. Cada momento, cada toque, cada carinho ainda latejam em cada centímetro da minha pele. E o sopro de sua vida em mim é o que  me impulsiona para todo o resto que tenho que fazer, é o que conduz os próximos dias que mesmo zumbi tenho que viver, é o que me força às palavras manchadas de um falso sorriso "estou bem", sem saber as cabeças ao redor que cada vez que tenho de repetir uma parte de mim se quebra mais. Opa, um lampejo de consciência surgiu, e sabe o que eu lembrei, que estou sozinha aqui, melhor voltar para minha estabilidade de zumbi.

Nenhum comentário:

Postar um comentário