terça-feira, 30 de abril de 2013

De volta à mim

De repente o despertador tocou me chamando para uma realidade nova. Abri os olhos e o peso que andava  grudado no peito sumiu. Foi estranho me levantar e não encontrar àquele que me acompanhara tão fielmente durantes os últimos dias. Levantei então da cama devagar, para não assustar meu corpo dessa inesperada leveza matinal e andei pelos cômodos da casa, tudo ainda estava no seu devido lugar, menos o peso. Me troquei, mas não comi, ainda não consigo engolir nada, saí de casa. O céu ainda negro se despedia da escuridão que estava de malas prontas para partir. Me deparei com minha imagem no vidro de um carro, tão batida, tão sem graça, tão apagada que quase não me reconheci. Continuei o meu caminho, será? Como quem não quer nada um raio de sol me percorreu, levei um susto tão grande que gritei. Mas ele não teve medo, continuou percorrendo meu corpo e se multiplicou, fui cercada por raios de sol, mas não o mesmo sol que todos conhecem, esse sol é só meu, esteve ao meu lado desde o dia que nasci e me guiou em meio às pedras da minha trajetória, ele me segurou sempre que teimei em cair e empurrou nos momentos que eu quis desistir, ele manteve firme a minha habilidade de sorrir mesmo quebrada por dentro e sonhar mesmo quando todas as esperanças se mostraram vencidas. Ele esteve fora, ele foi suprimido por um intruso malcheiroso que tentou me destruir, que tentou levar o bem mais precioso que existia em mim, minha alegria de viver. Ah sol, tão bravo e poderoso, deu um jeito de se levantar, varreu o mundo, espantou a tempestade  e voltou ao seu lugar, me livrou do invasor mal intencionado e fez sorrir. Um sorriso pequeno, tímido, mas verdadeiro. Aos poucos eu permiti que ele entrasse no seu cantinho e terminasse seu trabalho, e quanto trabalho ele tem pela frente: mágoas pra apagar, expectativas pra jogar fora, lágrimas para secar, mas o principal ele já conseguiu, trouxe de volta a minha vontade de sorrir, um sorriso largo, aberto, arreganhado para o mundo e uma vontade imensa de viver. Vontade de dançar até o dia nascer, vontade de gritar, pular, correr, até não ter mais fôlego, vontade de renascer...
"Melhor viver, meu bem
Pois há um lugar em que o sol brilha pra você
Chorar, sorrir também e depois dançar
Na chuva quando a chuva vem" (Felicidade - Marcelo Jeneci)

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