Tá difícil segurar o coração dentro do peito quando alguém
chega e ele corre apressado pensando que é você. Meus olhos rasteiros, não
conseguem evitar se lançarem para cima na direção da sua possível chegada. O
celular fica ali, jogado de lado, se insinuando para mim, se exibindo, me
provocando, me desafiando a pegá-lo sem mexer no seu nome, sem olhar na caixa
de mensagem, sem procurar um vestígio de você... E mesmo sem querer, assim que
a tela se acende você aparece, me lembrando do ontem feliz, me lembrando da
falta que você faz. Maldito celular que teima em apitar pra avisar que os
créditos estão acabando ou oferecer mais um pacote em promoção, e nenhum pacote
incluiu você. A cama habitualmente quente nos últimos dias se tornou um imenso
mar de gelo e solidão. O edredom não é suficiente para me esquentar, o
macaquinho de pelúcia não se encaixa perfeitamente entre meus braços e o
travesseiro entre as pernas não se parece em nada com você. A TV está ligada, a música
toca alegre na caixa de som, as páginas do livro são viradas, mas meu
pensamento ainda corre pra você. O vento faz a chave na porta tremer e dou um
pulo pra ver se é você, não é. Calço seu chinelo na esperança de sentir você
aqui, olha pra suas coisas, você está em todo lugar e ao mesmo tempo, não está.
Droga de pele que não para de ansiar pelo seu toque, droga de corpo que insiste
em sentir frio porque falta seu calor. Droga de inverno que chegou no momento
em que você partiu. Droga de vazio que você deixou e que mesmo querendo, não
consigo preencher.
Quero que o sol volte, quero o sol perto de mim. Agora vou
fechar os olhos e fingir que você nunca existiu, vou deitar na minha cama e
acreditar que tudo foi apenas um sonho. E depois vou acordar, lavar o rosto e
seguir em frente como se nada tivesse acontecido. Vou fazer isso.
Mas eu só sei desejar
que sinta a minha falta... Eu só sei desejar que tenha saudade de mim...
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