quarta-feira, 31 de julho de 2013

Escolhas

 Difícil mesmo é dobrar em uma esquina desconhecida. Ou se jogar de um barranco.  A gente não sabe o que vem, não sabe o que tem, não sabe o que acontecerá. A gente nem sabe se depois dá para voltar. A gente só sabe, só sente, que tem que ir. Afinal, não dá para viver sem ao menos tentar se jogar de vez em quando. E quando esse "em quando" aparece, temos que ir. Se nada nos prende, se nada nos impede, se
nada diz "não vá", é melhor ir. O laço invisível que nos finca no chão tem um nó que só a gente sabe como desatar. Mesmo que cegos, mesmo que confusos, mesmo que inseguros, lá no fundo sabemos, que temos as ferramentas para desatar. Então, é respirar fundo, tirar os pés do chão, e deixar o corpo ir por essa outra direção tão desconhecida, mas com certeza prazerosa. Nem tanto? Ok, algumas coisas podem dar errado, alguns probleminhas podem aparecer só para nos atazanar. Mas ninguém te disse que ia ser fácil... E daí, o bom mesmo é se jogar porque sente que é a hora, enfrentar com coragem tudo que aparecer, e aproveitar o gostinho doce da conquista. Porque ela virá meu caro, pode crer que ela virá. Pode demorar, claro. Pode ser que não seja exatamente do jeito que imaginou. Pode ser que esteja meio machucado e cansado quando ela chegar. E você? Você abrirá um sorriso e apagará o que não acrescentou e guardará na mente apenas o percurso até ali, porque ele merece ficar marcado nas suas lembranças para que saiba bem os passos que deu e por onde deu. Mas você sorrirá, se deleitará e aproveitará com muito gosto a conquista. Vencer o medo e sair do nosso ninho confortável que fica dentro de uma gaiola de ouro, é difícil sim, mas não importa o quanto demore, valerá a pena... Você sabe disso, mesmo que inconscientemente. E depois? Bom, depois você para, respira fundo de novo, sente, tira os pés do chão e se joga em outra aventura. Pois o que é a vida senão aventuras apresentadas no nosso caminho diante de uma só decisão: SIM ou NÃO?...

Quantas Vidas Você Tem? - Música





     QUANTAS VIDAS VOCÊ TEM - Paulinho Moska


Meu amor
Vamos falar sobre o passado depois
Porque o futuro está esperando
Por nós dois.
Por favor
Deixe meu último pedido pra trás
E não volte pra ele nunca
Nunca mais.
Porque ao longo desses meses
Que eu estive sem você
Eu fiz de tudo pra tentar te esquecer
Eu já matei você mil vezes
E seu amor ainda me vem
Então me diga quantas vidas você tem.





segunda-feira, 29 de julho de 2013

Rachadura

  Tudo tão calado... Existe uma rachadura ali no canto da parede, bem no alto, e ela me olha. Observa meu andar a esmo dentro da casa, onde um dia formamos um ninho, antes da tempestade passar. Ela me encara dia e noite, onde eu vou, ela fica ali, imóvel e ao mesmo tempo tão perseguidora dos meus passos.
  Tá tão frio aqui dentro... Sai fumaça gelada das minhas narinas, as juntas estão meio travadas e o olhar continua perdido. É quase como se eu ainda esperasse. Não tenho mais pelo que esperar.
  A montanha russa finalmente chegou ao seu fim, ela parou de rodar, acabaram-se os 'loopings", agora a mansidão toma conta. É meio monótono admito, mas é seguro.
  Eu... Aonde foi que me perdi? Como pude me afastar tanto assim de mim eu não faço ideia...
  As vezes ela tenta me sugar, a rachadura. Tenta me levar para dentro dela, me persuadir a sair daqui e ir para outro lugar, novo, desconhecido, amedrontador. Eu não quero. Estou sufocando aqui as últimas gotas do nosso amor e fugir não vai aliviar a dor que sinto.
  Tento olhar através dela, quem sabe me revele alguma coisa interessante. Ela se fecha, não permite um olhar mais profundo meu, não permite minha busca, não mata minha curiosidade. Aqui é tudo ou nada, ou me jogo para dentro desse novo universo, ou continuarei aqui, perdida em restos mortais de nós e congelada em repetições ilusórias de um passado que nunca existiu.
  Criei um lugar dos sonhos e nele vivi o máximo que consegui. Agora aguento a realidade sufocante e ignoro a rachadura, essa que marcou o ninho, essa que fica ali para me lembrar do quanto fui feliz, do quanto me iludi, do quanto fui ingênua, e principalmente, do quanto me perdi.

Razões pra te Amar

Te amo de novo! Te amo mais! Te amo hoje! Te amei ontem! Te amarei amanhã!
Te amo todas as vezes que vamos dormir e mais ainda nas vezes que acordo com você.
Te amo porque somos simples assim.Te amo porque ao seu lado sou muito mais de mim.
Te amo porque me olha e me beija. Te amo porque sempre me sorri.
Te amo porque sabe a graça dos nossos pequenos momentos.
Te amo porque falas aos meus ouvidos, minha alma, meu coração.
Te amo por me acariciar e se deliciar com isso.
Te amo porque gargalhamos juntos.Te amo porque sabemos ser sérios também.
Te amo porque te espero e você sempre vem.
Te amo porque me tens e sabe me dar valor.
Te amo porque me apresenta novas melodias enquanto andamos de carro.
Te amo porque porque aos poucos temos uma trilha sonora. Te amo porque pensa em mim.
Te amo porque porque me abraça apertado como se quisesse me unir totalmente a você.
Te amo porque é um bom amigo. Te amo porque fala e sabe ouvir.
Te amo porque é meu amante também.
E antes de tudo te amo porque ao seu lado sou mais feliz do que já fui com outro alguém.

quinta-feira, 25 de julho de 2013

O nós de você aqui


Vem, não solta a minha mão. Chega mais perto, só mais um pouco, consegue ouvir? Silêncio. Não importa, já dá para ouvir o som do meu coração. Também está ouvindo? Ele bate, por você? Também, ele bate por nós... Ele te chama todas as noites, será que consegue escutar? É só fechar os olhos então, sei que ele vai alcançar você, onde quer que esteja. Isso, se aproxima mais um pouco, está frio... Para que ficar tão longe assim? Não... Não gosto de estradas que não me levam a você. Não gosto de caminhos que se cruzam para logo em frente se separar. Vai, chega pra cá, pode encostar, eu deixo. Vou fingir que não percebo seu mindinho esbarrando de leve no meu, tá? Melhor assim? Sorrir. É isso que acontece quando aparece, um sorrir. Um sorrir, uma falta de ar, um momento estático. E depois...? Depois nada. Depois é só depois, não penso nisso, mas penso no agora, e confesso, eu lembro de ontem. Ontem quando você estava aqui, ontem quando nos olhamos, ontem quando se aproximou sem medo, com tudo, de uma vez, ontem quando tirou os meus pés do chão.


 E hoje? Hoje é o que tenho agora... E sei que no hoje eu tenho o poder de te trazer perto de mim, ou pelo menos desejar, ou pelo menos tentar, ou pelo menos sonhar. Sim, tenho sonhado bastante esses dias. Tenho sonhado desde a vez que você partiu. E tenho sonhado sempre que aparece. E tenho sonhado quando está aqui. É isso, tenho sonhado. Sonhar é o que faço de melhor. Eu também sabia esperar, mas esperar cansa, sonhar é mais divertido. Você também percebe como é bom quando estamos juntos? É perfeito não é? Mesmo que o perfeito seja relativo, o nosso JUNTOS, sempre é perfeito. É divertido, é bobo, mas perfeito. Quer saber? Vem, não solta a minha mão não... Quando nossas mão se unem nada é impossível, tudo é melhor, e eu tenho você e você tem a mim. Então fica aqui, não vai não, apenas fica. Fica e não solta a minha mão, nunca mais, não solta não.

A Minha Menina - Os Mutantes


Palavras de Tati

 "Mulher não desiste, se cansa. A gente tem essa coisa de ir até o fim, esgotar todas as possibilidades, pagar pra ver. A gente paga mesmo. Paga caro, com juros e até parcelado. Mas não tem preço sair de cabeça erguida, sem culpa, sem ‘E se’ ! A gente completa o percurso e ás vezes fica até andando em círculos, mas quando a gente muda de caminho, meu amigo, é fim de jogo pra você. 
 Enquanto a gente enche o saco com ciúmes e saudade, para de reclamar e agradece a Deus! Porque no dia que a gente aceitar tranquilamente te dividir com o mundo, a gente não ficou mais compreensiva, a gente parou de se importar, já era. Quem ama, cuida! E a gente cuida até demais, mas dar sem receber é caridade, não carinho! E estamos numa relação, não numa sessão espírita.  A gente entende e respeita seu jeito, desde que você supra pelo menos o mínimo das nossas necessidades, principalmente emocionais, porque carne tem em qualquer esquina. Vocês nem sempre sabem, mas além de peito e bunda, a gente tem sentimentos, quase sempre a flor da pele.  Somos damas, somos dramas, acostumem-se. Mulher não é boneca inflável, só tem quem pode!  Levar muitos corpos pra cama é fácil, quero ver aguentar o tranco de conquistar corpo e alma, até o final."
Tati Bernardi


É Tati, é bem assim mesmo...

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Um querer que não acaba

Não sei mais o que fazer... que mania é essa que tenho de você??? 
Que vontade louca que não passa nunca??? 
Que desejo que nunca se sacia???.....
Eu fico aqui, de um lado pro outro, trocando de canal, caçando o que fazer... mas não adianta... só tem uma coisa que realmente eu quero, preciso, VOCÊ!
Eu não entendo direito esse amor que sinto, só sei que me completa, que me faz te querer o tempo todo, que deixa sua imagem por toda a parte, minha cama, banheiro, sala, cozinha, sofá, no meu corpo... Tudo lembra você, tudo chama você... você, você, você!!!
Parece que sem você do meu lado, fica sempre faltando um pedacinho de mim. Sem você do meu lado sempre faz mais frio.O tempo é monótono demais, o mundo uma chatice só, tudo perde metade da graça. E nessa necessidade de fazer as coisas e seguir sem ter você, fico aqui, assim, agindo no automático com o pensamento em você, revivendo no meu mundinho particular chamado pensamento mais uma historinha de nós dois. Lembranças... elas não me largam mais! É tudo que tenho quando você não está, nossas lembranças, doces, bonitas, divertidas, fortes, marcantes, tão boas... Se eu fecho bem os olhos, as vezes parece que você está aqui, eu me concentro bastante e quase posso te sentir. 
Você... meu amor, meu amigo, meu amante. Você, é tudo que quero, você. Um querer que não acaba... nunca!

Gabriela

 Hoje Gabriela acordou assim, como quem não quer nada, como quem não espera nada além de viver.
 Abriu os olhos e lá estava ele, seu sorriso matinal cumprimentando o teto como quem diz BOM DIA TETO, PRONTO PARA MAIS UM DIA? Mas ela não se levanta, ainda não, ainda pode curtir um pouco mais de preguiça, um pouco mais de tempo se espalhando no colchão. E ela se esparrama, se enrola, se esbalda, é tão confortável ali, mais um pouco daquilo não vai lhe atrasar tanto. Ela fica, e fica, e fica, e de um salto pula da cama e se espreguiça AAAHHHHH HOJE O DIA VAI SER BOM! Corre para o chuveiro, o chão gelado não impede seus pés. Ensaboa o corpo e enquanto lava seus cabelos canta uma canção boba que ouviu outro dia tocar no rádio, cantada não soube por quem "toda menina que enjoa da boneca é sinal de que o amor já chegou no coração..." VERDADE? SERÁ QUE SÓ TEREI UM AMOR QUANDO ENJOAR DAS MINHAS BONECAS? Gabriela continua a cantar, melhor não pensar mais em bobagens, mas, e o amor, e as bonecas, suas bonecas tão cuidadosamente penteadas e vestidas, que estão espalhadas por todo seu quarto, teria que se desfazer delas para encontrar o amor? Ela não sabia, Gabriela ainda não entendia. HOJE O DIA VAI SER BOM! Se trocou, comeu, ajeitou uma fita em seus cabelos e parou, se olhou no espelho ESTOU BONITA... MAS NEM TANTO ASSIM... SERÁ QUE DEUZINHO VAI GOSTAR? DEUZINHO GOSTA MAIS DE VERMELHO, MAS EU SÓ TENHO ESSA FITA AZUL... NÃO IMPORTA, HOJE O DIA VAI SER BOM! Gabriela beija o espelho e corre para rua, venta um pouco, mas ela não se incomoda, UM POUCO DE VENTO LHE ATIÇA OS CABELOS E CORA SEU ROSTO, LHE DÁ UM AR MAIS VIVO E SOLTO, FAZ PARTE DO CHARME, ela sempre repetia isso para si. Gabriela não gostava de prender os cabelos, era sempre uma briga quando sua mãe queria penteá-los MENINA DE CABELO SOLTO PARECE REBELDE, mas ela corria e fugia das escovas gritando POIS QUE EU SEJA REBELDE ENTÃO, PAPAI SEMPRE DISSE QUE EU TINHA O ESPÍRITO SOLTO... E a mãe gritava e Gabriela corria e sorria e gargalhava AH ESSA MENINA, UM DIA AINDA VAI SE MACHUCAR, sua mãe pensava e temia por sua bela filha que teimava em brincar com a vida, que adorava correr e dançar.
 Ela seguia seu caminho sorridente HOJE O DIA VAI SER BOM, era o que não tirava da sua mente. As pessoas em volta sorriam e a cumprimentavam, todos gostavam daquela menina alegre que sacudia os cabelos por todos os lados, que só sabia correr no lugar de andar. "ALI, ALI ESTÁ ELE, DEUZINHO"... Gabriela parou, pendurado na árvore, de casaco vermelho e bermuda surrada, estava Deuzinho. Seu nome na verdade era Tadeu, seu vizinho de porta e amigo já há três verões. Ela que vivia solta com vento nos pés, naquele dia correu para o parque como fazia todas as manhãs, mas um galho inesperado cruzou seu caminho e ela caiu um tombo daqueles. Sem ninguém para ajudar, Gabriela agarrou seu joelho ralado e soprou, soprou, engolindo as lágrimas e esperando a dor passar. Levou um susto quando caiu do céu um menino, de cara suja de terra e sorriso largo bem na sua frente. "OI, SE MACHUCOU?"- mesmo assustada com a aparição repentina, sua curiosidade falou mais alto:
-QUEM É VOCÊ? VEIO DA ONDE?
-DESCULPA, NÃO QUERIA TE ASSUSTAR. ESTAVA NO MEU ESCONDERIJO, ALI NAQUELA ÁRVORE.
-NOSSA É ALTA...
-SIM! E AÍ, SE MACHUCOU?
-UM POUCO, ESTÁ DOENDO...
-DEIXA EU VER. - O menino se aproximou do joelho de Gabriela com cuidado, olhou seu machucado de perto - HUMMM ESTÁ BEM FEIO, ACHO QUE VAI FICAR MARCADO - Correu para o lago, rasgou um pedaço da sua camiseta e molhou na água fria, foi até Gabriela e limpou seu machucado. Depois rasgou mais um pedaço do pano de sua camisa e enrolou em seu joelho. - PRONTO, JÁ TÁ LIMPO, VOU FAZER UM CURATIVO COM ESSE PANO QUE É PRA NÃO SUJAR MAIS, TÁ?
Gabriela encarava o menino um pouco assustada e ao mesmo tempo admirada.
-PRONTO, ACHO QUE TÁ BOM! -Soprou seu machucado e deu três batidinhas - SEU JOELHO VAI FICAR NOVO, VOCÊ VAI VER!
-OBRIGADA... QUAL SEU NOME?
-TADEU. E O SEU?
-TADEU??? QUE ENGRAÇADO... O MEU É GABRIELA.
-POR QUE ENGRAÇADO?
-NUNCA CONHECI NENHUM TADEU.
-AGORA CONHECE! VAMOS, LEVANTA PRA VER ESSE JOELHO.
-OHHH, FICOU BOM, NEM ESTÁ DOENDO MAIS... VOCÊ É MESMO BOM NISSO, CUROU MEU JOELHO IGUAL DEUS!
-KKKKK CLARO QUE NÃO! E AINDA NÃO TÁ CURADO.
-AHHH MAS TÁ QUASE...RSRS TA BOM, ENTÃO VOCÊ É UM DEUZINHO... ISSO, TADEU, DEU, DEUZINHO!!! POSSO TE CHAMAR ASSIM?
-KKKK VOCÊ É MEIO MALUQUINHA, NÃO?! MAS PODE! E VOCÊ SERÁ A BIELA, GABI É MUITO BATIDO. SERÁ NOSSO NOME SECRETO!
-ESTÁ BEM! VAMOS SER AMIGOS?
-UÉ, PENSEI QUE A GENTE JÁ ERA!
Desde esse dia, Deuzinho e Biela não se largaram mais. Se encontravam todas as manhãs no parque para conversar, subir em cima de árvores e de vez em quando um fazia um curativo no outro. O tempo foi passando e eles cresceram, mas continuavam seus encontros.
-DEMOROU HOJE HEIN BIELA?
-TIVE QUE FUGIR DA MINHA MÃE, ELA QUERIA AMARRAR MEUS CABELOS.
-VOCÊ E ESSES SEUS CABELOS SOLTOS... E ENTÃO, QUAL BONECA TROUXE PARA NOSSA AVENTURA DE HOJE?
-A TRAÇA! É MINHA BONECA FAVORITA, SEMPRE FOI.
-ESTÁ MEIO VELHA, NÃO?
-NÃO IMPORTA, GOSTO DELA MESMO ASSIM!
-BIELA, EU TENHO UM PRESENTE PARA VOCÊ.
-PARA MIM? O QUE É?
-FECHE OS OLHOS... Gabriela fechou os olhos e esticou uma mão, sentiu algo macio cair entre seus dedos, uma fita comprida de cetim vermelho. Automaticamente pulou nos braços de Deuzinho.
-OBRIGADA PELA FITA DEUZINHO, EU ADOREI. - Agradecia enrolando as fitas nos dedos e envergonhada, fitava seus pés, que não paravam de se mexer.
-DE NADA... EU QUERIA TE DAR ALGO PARA VOCÊ SE LEMBRAR DE MIM.
-AH... MAS EU JÁ TENHO A CICATRIZ DO MACHUCADO QUE VOCÊ CUROU, LEMBRA? SEMPRE ME LEMBRO DE VOCÊ QUANDO OLHO PARA ELE.
-NÃO, EU QUERIA ALGO QUE VIESSE INTEIRAMENTE DE MIM!
-RSRS EU GOSTEI! OBRIGADA DEUZINHO
-BIELA... POSSO TE CONTAR UM SEGREDO?
-PODE... CONTA AGORA!
-EU GOSTO DE VOCÊ... EU GOSTO MUITO DE VOCÊ... - E Deuzinho se aproximou de Biela devagar, pois não queria assustá-la, colocou as mãos entre seus cabelos e a beijou. Um beijo terno, calmo, doce. A boneca caiu no chão, e com a fita ainda enrolada em seus dedos, Gabriela se deixou beijar e beijou, beijou Deuzinho com toda inexperiência que tinha. Achou que fazia cócegas seus lábios nos dele, era molhado, e quente também, não sabia direito o que fazer com sua língua, mas já tinha treinado com laranjas, "EM GERAL É SÓ BALANÇAR DE UM LADO PARA O OUTRO", lembrou dos conselhos de sua prima mais velha. Pela primeira vez os pés de Gabriela pararam de se mexer, seu coração estacou, parecia perder o ar, sentiu um arrepio subindo pela espinha - "TRAÇA, ONDE ESTÁ A TRAÇA? AH NÃO IMPORTA..."
E foi assim, com o gosto do beijo de Deuzinho ainda nos lábios, que Gabriela correu de volta para casa sem olhar para trás. Correu, correu, e gargalhou, parecia voar entre nuvens. Seus cabelos mais soltos e revoltos do que antes, sorriam com ela e voavam de uma lado para o outro. De uma vez arrancou a fita azul dos cabelos e a jogou no ar, tinha a fita de Deuzinho agora para a enfeitar, tinha o beijo de Deuzinho latejando em sua boca para lhe lembrar que ele gostava dela, Deuzinho gostava dela, Deuzinho gostava da Biela... Se deu conta de que deixara Traça para trás, sua boneca mais antiga, sua boneca preferida, sua boneca que tantas vezes lhe acompanhara nas aventuras com Deuzinho, sua boneca... E então parou, uma canção "toda menina que enjoa da boneca é sinal de que o amor já chegou no coração...", SERÁ? ERA ISSO O AMOR? VOAR MESMO ESTANDO PARADA? PERDER O AR E AINDA RESPIRAR? SENTIR O CORAÇÃO ACELERAR E PARAR DE BATER AO MESMO TEMPO? DEUZINHO? DEUZINHO FEZ O AMOR ENTRAR NO MEU CORAÇÃO? Gabriela andou para casa com a fita entre os dedos, um sorriso nos lábios e uma leveza no corpo. Ela não precisava mais correr, ela tinha acabado de encontrar, não sabia o que, só sabia que tinha. Chegou em casa, entrou no seu quarto, olhou em volta, tantas bonecas, jogou todas no chão, sentiu que não precisava mais de bonecas. Gabriela cresceu. Pulou então em sua cama e olhou para o teto, e enquanto brincava com a fita vermelha em seus dedos falou VIU TETO, EU NÃO DISSE QUE HOJE O DIA SERIA BOM!


terça-feira, 23 de julho de 2013

Corpos

Corpos estranhos que se olham, se atraem, se aproximam, se conhecem, se juntam, se entregam, se misturam, se encantam, se modificam, se moldam se unem, se completam, se transbordam, se adoram, se queimam, se estremecem, se assustam, se alfinetam, se repelem, se soltam, se quebram, se separam, se afastam, se afastam, se afastam...
Corpos estranhos que se conhecem, se tornam um para depois retornar a simples corpos estranhos.

Tão perto e tão distante

Tão perto e tão distante
Quero tocar-te, mas não posso
Me perco das profundezas do caramelo, suave, doce, triste...
Poucos sons, pouca luz, sem calor
Será que posso me enrolar em ti? Não...
Meia boca, riso forçado, um laço foi rompido.
Não queria que fosse assim... Nunca desejei esse ponto final
Tão perto e tão distante
Quero tocar-te, mas não posso.

segunda-feira, 22 de julho de 2013

O que nos restou

 Essa distância que existe entre nós é paralisante sabia? Ver desfalecer diante dos meus olhos tudo aquilo que um dia foi tudo para mim, é desolador. Como nos transformamos em estranhos tão rapidamente? Eu ainda te sinto sabia? Ainda te vejo em sonhos ou pensamentos, e até em fantasmas que aparecem por aqui.  Ainda tem marcas nas paredes e aromas no ar. Vestígios seus que teimam em não se apagar. Tudo bem, eu não me importo, eu nunca quis apagar você.
 Mas quando olho para o lado e vejo que não me sorri, ou quando vejo que chega mas se esconde, percebo que nem sempre as estradas seguem na mesma direção, e que mesmo com buracos, rotas de fuga, atalhos, placas e terra no chão, não, nem sempre vamos na mesma direção e nesse caminhos, as vezes se perdem os meios para alguma comunicação.
 Eu aproveitei. Eu sei bem que aproveitei cada instante que me permitiu ter você. Me doei também, só não sei se você me viu... De qualquer modo o que ficou agora é o cheiro de café, aquele da nossa infância que marca, mas não volta. Ou da bolo daquela tia que já morreu, e ninguém sabe fazer igual. Sim, um momento saudosista é o que resta em mim, no meio de uma tarde de terça ou numa quinta chuvosa.
 E se foi isso que ficou, ok, me conformo em ter a história que escrevi e guardei aqui. Eu sei o que vivi, eu sei o que aconteceu. O que fomos ninguém nunca vai poder tirar de nós, mesmo que só exista agora em linhas turvas do passado.

Não tá cabendo


 Não tá cabendo sabia? Não tá cabendo tudo que sinto dentro de um simples te adoro. Não tá cabendo toda falta que faz numa simples saudade. Não ta cabendo tudo que desejo num simples te quero. Não tá cabendo.
 As palavras existem mais não são suficientes. Dentro de um B com A, BA, eu não consigo formar meus sentimentos. Entre frases soltas e poemas, chavões e ditados, pontos de exclamação e vírgulas, eu me perco a procura de encontrar você em mim, para tentar te dizer o que existe aqui.Não, realmente não tá cabendo.  Como fazer encaixar um mundo de "quereres" dentro de um verso que tem começo e fim, se não há um fim nem houve bem um começo do meu amor por você? Os sentidos se perdem envoltos na emoção, o pulsar se confunde com a minha falta de ar, o tremor resultante do frio também provoca calor, e aí eu pergunto, o que é isso que me tonteia mas não se explica? Ou melhor, o que é isso que habita meu ser mas que não se expressa em palavras?
 Tenho medo de dizer... Tenho medo até de pensar no que pode ser. O tempo? Háha, esse já perdeu a corrida aqui faz tempo... Foi jogado para escanteio quando suas primeiras palavras tocaram meu coração.
 É meu caro, está pronto para o que vem pela frente? Pois eu garanto que não serei capaz de retroceder, e por mais que as palavras me fujam, eu sei, você sabe, o universo sabe, é exatamente aquilo que acontece por aqui. Foi rápido? É consistente? É real? ......
 Só sei que é o que vem na ponta da minha língua toda vez que quero dizer o quanto gosto de ti... Só sei que é o que não sai da minha mente quando penso em você... Só sei que é o que me domina enquanto dura a saudade... Não, não tá mesmo cabendo.
 Descobri que o sinônimo existe para isso, para me ajudar a montar as frases certas com o sentindo incompleto, mas que pelo menos chega perto do que é o verdadeiro. Afabilidade, apego, estima, bem-querer, apreço, paixão, ardor, atração, ternura, desejo, devoção, amizade, ternura... Não não não, chegam perto, mas não. Ainda não tá cabendo... Não cabe, não cola, não funciona, não serve.
Olha... não tá cabendo sabia? Não tá cabendo tudo que sinto dentro de um simples te adoro. Não tá cabendo toda falta que faz numa simples saudade. Não ta cabendo tudo que desejo num simples te quero.  Não tá cabendo. É isso, acho que é isso: NÃO TÁ CABENDO...!

domingo, 21 de julho de 2013

"Liberdade é pouco. O que eu desejo ainda não tem nome..."

"Dentro dela tem um coração bobo, que é sempre capaz de amar e de acreditar outra vez..." (Caio Fernando de Abreu)





Forte - Letra e Melodia Saíra A.G.

Estou cansada de ser forte o tempo
Quem foi que falou que ser super herói é o que está na moda?
Eu não tenho peito de aço
Nem martelo pra me defender
E a cada tombo tenho que levantar e vencer

Sem vacilar, sem reclamar
Sempre em frente tenho que continuar

Quero chorar as minhas lágrimas enquanto sangra o peito
Eu quero correr pra minha cama e me esconder
Dessas vozes que atiçam a minha dor 
e me levam até você
Não quero só ganhar quero poder ceder

Minha armadura rachou quando te deixei entrar
Meu mundo mudou, eu não tive medo de arriscar
Levei uma pancada, me arrancaram de você
e agora me pedem para sorrir sem poder sofrer

Sem vacilar, sem reclamar
Sempre em frente tenho que continuar





!

"Não, meu bem, não adianta bancar o distante: lá vem o amor nos dilacerar de novo."

Velha Infância - Tribalistas


sexta-feira, 19 de julho de 2013

Fica...?



Somos pura gargalhada, eu e você.
Nosso mundo tão simples
É pleno em querer.
Sim, sim, sim
Para você mil vezes sim;

Aqui sempre terás portas abertas.
Um sorriso na entrada
Sempre irás encontrar.
Sim, sim, sim
Para você mil vezes sim;

Precipitar o sentimento não perturbou nossa mente.
Ignoramos o tempo
Só estar nos preenche.
Sim, sim, sim
Para você mil vezes sim;

Fica comigo para sempre?
Só se para sempre comigo ficar...




Amor em Paz

"Eu amei
Eu amei, ai de mim, muito mais
Do que devia amar
E chorei
Ao sentir que iria sofrer
E me desesperar

Foi então
Que da minha infinita tristeza
Aconteceu você
Encontrei em você a razão de viver 
E de amar em paz
E não sofrer mais
Nunca mais
Porque o amor é a coisa mais triste
Quando se desfaz" ( Vinícius de Moraes)

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Pois é...

Estou tremendo... Da cabeça aos pés.
Estou com frio... Já conheço esse frio, não é pelo clima, é pela falta daquele calor.
Estou com medo... Será que nunca vai passar?..............
O tempo passa... passa... passa... Mas só ele que passa, o resto permanece, quase que intacto. Intacto não, pois foi bem gasto, mas ainda existe e muito daquilo por aqui.
Sem respiração por dez segundos... Sem batimentos cardíacos por dez segundos... Sem movimentos por dez segundos... Sem o tempo se mover por dez segundos... E então, depois do choque tudo volta ao normal... Normal? Não. Sou invadida por tudo de uma vez, respiração, tempo, batimento, lágrimas... Olá lágrimas, quanto tempo!.............................
S D A U E D E S U D A E D S A E D U D A S A U D A D E S D A U E D E S U D A E D S A E D U D A S D A U E D E S U D A E D S A E D U D A S A U D A D E S D A U E D E S U D A E D S A E D U D A S D A U E D E S U D A E D S A E D U D AS D A U E D E S U D A E D S A E D U D A D
............................................................................................................................................................................................................................... últimas palavras... QUE MERDA! =O(

quarta-feira, 17 de julho de 2013

"kk"


Ali...


E não importa quanto tempo passe, quanta coisa nova aconteça, quanta distância exista, ainda não foi suficiente para apagar.
 Marcas, lembranças, sentimentos, esperanças, tudo embalado e fechado e guardado e jogado escondido num canto inacessível, mas ainda está ali.
 E mesmo que eu fale, mesmo que me esconda, mesmo que sorria, mesmo que corra, mesmo que pule, mesmo que faça, ainda assim, existirá.
 Eu fui sugada por um tufão e nem me dei conta do quanto eu perdi, só tinha olhos para a mágica que acontecia ali dentro. Me modifiquei, foi intensamente prazeroso, mesmo com um fato latente: eu quase morri.
 Pode a quase morte ser tão boa que a gente se joga sem nem pestanejar? Em queda livre, por mil horas, tudo que sei é o que tenho, mesmo que apenas possa sentir sem ter onde agarrar...
 Fui devorada sem piedade, minha alma se perdeu em você. Como manter aquilo que só nos deixa tonto?
 Não. É essa a resposta, não mantenha, contenha, a fuga fica logo ali. Impeça, crie muros, tranque as portas, feche as janelas, é melhor deleitar-se ao novo gosto do que tens na mão, do que sucumbir-se na doce loucura do inesperado espetáculo teatral. A gente nunca sabe o que vem, mesmo bom ou mau ficamos ali, mas quando as luzes se acendem é hora de partir. Próxima sessão? Não obrigado, prefiro mãos dadas certeiras a minha espera.
 E não importa quanto tempo passe, quanta coisa nova aconteça, quanta distância exista, ainda não foi o bastante para apagar, eliminar, destruir, esmagar, ignorar... Ainda está ali. Inacessível e jogado. Mas ainda assim, está ali.

O tempo e nós dois

Ahhh tempo malvado, teima em correr quando estamos juntos, e em não ter o tamanho suficiente para matar toda minha vontade de você.
 Tempo sacana, sempre dá um jeito de se alongar quando ainda falta para nos encontrarmos, e se apressar quando é hora de partir.
 Tempo banana, cisma em bater meia noite, mas não trava o ponteiro no horário de te ver.
 Tempo bobo, roda roda roda cheio de compromissos, e se esquece que o único que realmente me importa, é aquele que me leva para você.
 Tempo faceiro é aquele ao seu lado. Tempo ligeiro é aquele ao te ver. Tempo certeiro é aquele encontro. Tempo bocó, é aquele separados.
 Tempo que é tempo bom, porque é tempo e temos algum.
 Tempo que nos temos, tão pouco tempo, mas parece que faz tempo, que está por aqui.
 Abro espaço, marco e remarco, ajeito e rejeito, mexo e esqueço, estico e alongo, encurto outro canto, faço de tudo, me multiplico, não quero saber, tempo suplico: "SÓ UM POUCO MAIS POR FAVOR!"



Um lugarzinho ali...

 Existe um lugarzinho ali, do seu lado esquerdo que é separado para mim. Antes não era, mas agora tomei posse. Eu via aquele lugar tão vazio, tão convidativo que não pude resistir, me instalei ali e não quis sair
mais.
 Via você andar para baixo e para cima com o peito aberto, cheio de espaço inocupado, com uma placa escrita HÁ VAGAS em neon e pensei "É, POR QUE NÃO?". Me aproximei devagar, verifiquei a amplitude da área, sua temperatura, que por sinal é compatível com a minha, sua textura e concluí: -SIM, VOU FICAR! Ok, eu sei que não estava a venda, sei que você nem queria oferecer, mas como boa sem terra que sou, aprendi direitinho como escolher um bom lugar e como me alojar nele. Ótima ideia, pois esse lugar aí, no seu lado esquerdo, parece ter sido feito sob medida para mim. Você não reparou? É do tamanho exato na minha cabeça, tem o espaço para o meu pescoço e ainda uns caminhos perfeitinhos para passear as minhas mãos. Nele me encaixo e fico, horas a fio, sem nem precisar me mexer. Ahhh não posso esquecer de comentar, quando estou ali, existem dois grandes laços que me envolvem, sim, um de cada lado do corpo, não que exista algum risco de cair, mas eles estão ali apenas para me aquecer, me embalar, me fazer sentir segura... O melhor lugar do mundo! Gosto desse lugar, será que ele pode ser meu?
 Um lugarzinho, tão pequeno e tão grande, ali do seu lado esquerdo, um lugarzinho... Já amanheceu e tenho que me desenformar e partir... Nãaaaoooooo, EU QUERO O MEU TÓRAX!

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Você

Oi moço... Será que você pode sair um segundinho do meu pensamento??? Por favor...
É que eu preciso me concentrar em outras coisas, mas aí é assim: PAGAR CONTA TAL...VOCÊ... MEXER NO CURRÍ... VOCÊ AQUI... AJEITAR AUL... SAUDADE DE VOCÊ... LER MAIS UM PARÁGRAFO... VONTADE DE BEIJAR VOCÊ... ABLABLABL... VOCÊ...CÊ... VO... VOCÊEEEEE.... BLABALJKSJADJDSDSJ VOCÊ... E aí você toma tudo aqui dentro, meu pensamento, meu corpo que deseja você, meu coração que te chama... A saudade vai aumentando e o tempo sacana que é, resolve passar mais devagar só para retardar mais ainda a hora do nosso encontro... encontro... Tudo que quero sempre é mais um encontro com você, encontro de corpos, encontro de palavras, encontro de olhares, encontro de lábios, encontro de almas... encontro do meu eu e você...
 Mais uma vez, mais um pouco... é... Só mais um pouco. Mas "um pouco" que não se acabe... "Um pouco" que se prolongue durante todos os próximos dias da minha vida.
É exagero querer te ter para sempre? Muita coisa me recusar a não deixar você??? Pode ser...
 Mas a vontade é maior do que a prudência, e já é tarde demais para não me deixar levar por você, para você... Estou tomada, preenchida, transbordante...
 É, acho que vou pausar minhas palavras e voltar para o que estava fazendo antes... O que era mesmo??
 Ahhh sim, pensar em você...

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Carolina

 Carolina gostava de brincar, mas se irritava sempre que era hora de voltar para casa. Subia em árvores, escalava muros, cavava buracos, mas nunca pensava em voltar para casa.
 Em casa tudo era quente, confortável, gostoso. Tinha delícias de todas as formas e era seguro viver ali. Todos amam sua casa, mas Carolina não, ela prefere sair.
 Lá fora pode ser frio e escuro também, lá fora é desconhecido e turbulento, meio chato, mas promissor também. Lá fora tudo acontece, mesmo quando se está parado. Ela se machuca, chora, grita, corre, se esconde, passa mal. Mas Carolina não se importa com nada disso, porque ela também sente, sangra, ri, engasga, roda, pula, dança, voa, se joga, se doa. Lá ela é viva, é solta, é pura, é selvagem. Lá não existem amarras para lhe prender. 
 Um dia, devido uma tempestade, Carolina voltou mais cedo para casa. Ao olhar para trás percebeu a mudança de cor. Ela nunca havia reparado que lá fora, pela sua janela, o mundo fica cinza. "Mas como se é tão colorido quando estou lá?", ela pensou. Tomou sua sopa quente, um banho e foi deitar. Aquela cor não saia da sua cabeça, como podia um lugar tão colorido se tornar cinza e sem brilho através da sua janela? Ao primeiro raio de sol, correu para a janela, cinza. Foi até sua sala e olhou através dos vidros, cinza. No banheiro, na cozinha, pelo sótão, só se via cinza, cinza, cinza. Antes não era cinza... Teve medo.
 Naquele dia Carolina não saiu para brincar. No dia seguinte também não. Aos poucos ela foi se tornando parte da casa, do sofá, do chão. Ela não sorria mais, nem chorar também conseguia. Pobre Carolina, se apagou.
 Um sopro pela janela, forte, quente e tranquilo, a despertou. Temerosa olhou para os lados tentando entender. De alguma forma a janela estava aberta e havia alguém ali. Uma presença, uma voz que a convidava para uma dança. Carolina queria ir, mas seus pés não tinham forças para sustentar seu corpo. O vento então a levantou e envolveu, aos poucos foi girando, rodopiando, flutuando, o inesperado, ela sorriu. Riso fácil, riso solto, riso verdadeiro. Ela ria, gargalhava e corria pelo ar. A casa se tornou pequena, ela queria mais. Sem pensar, lançou-se porta afora e voou pelo mundo, era branco, sem cor, mas nítido e caloroso. Cuspiu os últimos temores e pôs-se a correr. Cada esquina uma cor, cada buraco um som, cada canto uma alegria. Carolina descobriu de novo o seu mundo, vasto, possível, infinito, mexido, possível. Com asas nos pés e cabelos revoltos se jogou para nunca mais voltar.
 Agora a casa de Carolina é ela quem faz. Não tem mais medo de tempestades, agora, ela tem o vento para levá-la para longe e tinta para pintar as cores desbotadas de novo.
 Não é confuso, é Carolina. É alma solta, é asas nos pés, é cabelos revoltos, é menina, é... É Carolina.




Hora da reforma

 Eu quase acreditava a essa hora, há 30 dias, que tudo daria certo no fim. Eu tentei me iludir por algumas boas horas de esperança de que você realmente viria. Eu sorri, eu torci, eu sonhei, e nesse lugar em que estava os meus planos você era meu, eu era sua, e o resto do mundo não existia.
 Mesmo com toda boa vontade, a verdade dura e fria sempre prevalece. Você pode tentar pintá-la de rosa ou escondê-la numa caixinha pequena, mas ela ainda existirá, ela ainda te fará sentir.
 Hoje, quando observo, muitas marcas ficaram nas paredes. As portas de tão batidas e abertas, hoje estão empenadas. Os cantos estão descascados e existem lascas soltas por toda parte. Não, não é bonito por aqui, nada bonito. Tem muito pó, e a luz é quase inexistente. Em um dos quartos arranjou-se um buraco diferente, dele sai um som constante e irritante. São lamentos em forma de canção, nossa melodia ecoada por entre dentes tortos. É frio, mas eu ainda vivo por ali.
 Essa manhã algo diferente me ocorreu, não lembrei, não senti falta, foi quase como um estar em amnésia. Se não fosse uma voz externa comentar, eu nem lembraria que hoje, há 30 dias, foi o dia.
É quase certo que o processo já começou. Mesmo com recaídas agora a roda já está a girar. Quero que o vento leve logo o que não deve ficar, mas sei que tenho que ser um pouco mais paciente. Tudo bem, a vida já me deu muitas lições de que devo confiar no trabalho do tempo.
 Quer saber? Comprei uma pá e uma vassoura, e consegui abrir uma janela para correr ar puro e novo. Logo chegará um balde de tinta e massa corrida é o que não me falta. Eu vou consertar. Devagar e carinhosamente, vou rearrumar esse espaço. Ferramentas eu tenho, ajuda também.
 Obrigado tempo por ser complacente comigo.

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Pronto, passou

 E hoje eu quis chorar mais uma vez. Só mais um pouco, uma última vez. Sentei no banco da praça, cruzei meus braços e olhei, olhei para frente, olhei para o que passava, olhei para o nada, pronto, passou.
E hoje eu quis vestir os seus pés mais uma vez. Só mais um pouco, uma última vez. Fui para a cozinha, preparei um assado, engoli uma cerveja, acendi um cigarro e esperei, esperei a chama apagar, o assado queimar, a vontade sumir, pronto, passou.
E hoje eu quis reviver mais uma vez. Só mais um pouco, uma última vez. Fechei os meus olhos, foquei na minha dor, senti a ausência, lembrei do descaso, revivi os abandonos, pronto, passou.
Porque sempre passa.

Perto

 Preciso de você perto de mim... Perto de mim... Perto, muito perto...
 Eu quero esquecer, eu juro! Só não sei como ainda... Só não consegui ainda...
 As vezes sou atacada por uma dor chata e junto com ela uma vontade maldita de voltar. Nesses momentos minha força e determinação vacilam e então tenho medo...
 Eu não posso, também não quero, é isso que me mantém com o olhar para frente. Não posso brincar de "de vez em quando", isso machuca demais.
 Preciso voltar a respirar, só mais uma vez, só mais um pouco, só com mais calma...
 Pronto, estou bem melhor agora.
 És muito importante para mim, sabia? Prefiro as palavras quando se tratam de você, elas são mais doces, mais saborosas, melhores. É isso, vou me concentrar em degustar apenas você...
 Mas agora, eu preciso de você perto de mim, tá? Perto de mim... Perto, muito perto. Perto...

Ok caí...

 Me odeio por te amar. Me odeio mais ainda por não conseguir esquecer.
Odeio quando meu coração para e acelera ao mesmo tempo, droga, achei que já estivesse curada desse mal. Odeio a forma como perco o ar, e minhas bochechas que teimam em ficar rosadas. Odeio o tremor nas pernas, e o sorriso incontido. Odeio a dor que meu causa e as marcas que deixou. Odeio a falta que faz e a necessidade da distância que isso gerou.
 Não quero mais toda essa droga que me arrasta para um lugar que não gosto, quero ficar aqui, como estou,  bem...
 É eu caí, eu sempre caio quando se trata de você. Eu só queria entender o porquê... Eu só queria que as coisas fossem diferentes, só queria que as atitudes tivessem sido diferentes.
 Quer saber não importa, não importa, não importa, NÃO IMPORTA! Dane-se, não quero saber. Vou engolir esse azedo todo e continuar.

Mais um dia


 É difícil acordar tendo ao lado essa ausência tão presente. Abrir mais uma vez os olhos e respirar esse ar que já não carrega mais seu aroma é um tanto atordoador. Percorro meus dedos no lençol a busca de um traço, um fio de cabelo, uma dobra, algo que tenha sido esquecido por você ali, não há nada. Resolvi trocar a música do despertador, mas mesmo que soe outra melodia, nossa canção ainda toca na minha mente.
 É sexta feira, prenúncio de mais longas horas sem você. Me viro para o lado, abraço o travesseiro, um entre os braços e outro entre as pernas para tentar minimizar o vão entre eles, não pisco, concentro meu olhar em um ponto neutro e espero, espero, espero, logo vai passar, afinal é assim toda manhã e sempre passa. Algumas imagens, lembranças, saudade, dor. Pronto, já posso me levantar. Por hoje já tive minha cota de você.
 Agora lavo o rosto, penteio os cabelos, troco de roupa. Calço aquele meu tênis surrado que tantas vezes me levou em um passeio com você. Jogo um livro na mochila, nada de amor, agora só leio ficção científica ou alguma biografia chata, sem romance.
 Um copo de leite, você quer? Engulo 500 ml de Nescau gelado e parto para rua. Antes olho no espelho de relance e relembro mais uma vez as várias vezes que me vi ali refletida junto de você. A gente se olhava, a gente sorria, a gente era feliz.
 É hora de ir. Abro a porta, saio, tranco e vou embora.
 Mais um dia como todos os outros, mais um dia sem você. Apenas mais um dia.

terça-feira, 9 de julho de 2013

“É sempre um prazer ser sua de novo, mas meu coração é fraco demais pra te ter só na cama..."

PALAVRAS EMPRESTADAS... TÃO REAIS...

A Missão Impossível De Te Ter Só Na Cama

Ela se desenroscou do braço dele, de fininho, para que nenhum movimento brusco o acordasse. Calçou os chinelos e observou resquícios da noite passada – bitucas amassadas no cinzeiro, as duas taças, o vinil que tocava Chico e que parou de rodar ao perceber que os ouvintes estavam entretidos demais em outras tarefas. A última lembrança que tinha era da voz suave cantando algo como “e-me-beija-com-calma-e-fundo-até-minh’alma-se-sentir-beijada”.

Foi até a cozinha e pegou um copo de água. Na pia, as louças confraternizavam, cenário típico de homem que carecia dos cuidados de uma mulher na casa. Enquanto ela ainda morava lá, a casa tinha uma sensibilidade que tinha partido junto com ela.  Escutou ele se virando na cama, e voltou ao quarto na ponta dos pés. Não queria que ele acordasse – queria ficar ali, admirando-o por mais um tempo, já que essa era a hora mais oportuna para fazê-lo. Jamais teria coragem de demonstrar tal afeto se ele estivesse ciente disso. Ela sabia que o jogo era perigoso demais, porque tudo nele parecia ter uma química assustadoramente compatível com os poros dela. Ela tinha que admitir que não sabia brincar de ser fuck friend com ele.
A vida lhe ensinara a ter tato. As noites solitárias em casa esperando o telefone tocar tinham machucado o bastante. A ânsia de tentar desvendar intenções alheias também. Fez um pacto com a sua expectativa – se permitiria, sim, envolver com sujeitos que só queriam o seu corpo, mas prometeu que nunca mais roeria uma unha ou perderia um quilo por eles.
No entanto, ele parecia atraente demais, deitado ainda com um dos braços estendidos, exatamente como ela o deixou quando saiu de fininho do seu peito. Sabia que aquela posição era perigosa demais – evitava-a sempre, pois sabia que tinha uma queda e que se deixava apaixonar demais por abraços quentes e beijos na nuca. Especialmente os dele. Principalmente os dele.
Prometendo que seriam só mais cinco minutos, ela retornou silenciosamente à cama. Ele deu uns gemidos de sono, mas não despertou. Ela aproveitou para sentir mais uma vez aquele cheiro; pra tocar mais uma vez aquela pele que se fundia com a dela sempre que se tocavam; pra passar mais uma vez a mão nos cabelos macios dele; pra roçar de novo naquela barba que havia deixado marcas por todo seu corpo na noite passada, e tantas noites num passado que agora parecia fosco. O amor dos dois havia derretido.
Antes que fraquejasse de novo, ela se levantou. Recolocou as roupas que ele havia tirado com maestria horas antes. Lembrava-se de como ele sabia exatamente onde tocá-la; de como sabia exatamente quais botões a tiravam de si; de como entrava com imponência dentro dela, como nenhum outro havia feito. Ainda nem estava pronta pra partir, mas seu coração já doía de vontade de ficar. Ela conhecia esse sentimento de partir querendo permanecer.
Pegou uma caneta jogada em qualquer canto e arrancou uma folha do moleskine que descansava sobre a cômoda.
“É sempre um prazer ser sua de novo, mas meu coração é fraco demais pra te ter só na cama. Me corte da sua lista das ex que não resistem ao seu sexo e que sempre cedem a um convite para umremember. Sou imatura demais pra brincar disso. Nosso jogo termina aqui.” Assinou com uma marca de batom borrado.
Enquanto descia as escadas solitárias do prédio, ela pensava que a vida às vezes doía demais. Pensava se um dia a batalha do coração X razão iria acabar. Essa guerra já tinha deixado feridas demais dentro dela.
Mas ela sabia que a vida iria continuar.
O roteiro já estava pronto. A dor no peito iria persistir por mais alguns dias. Teria de controlar os dedos que insistiriam em querer discar o número dele. Teria de travar na garganta a voz que queria gritar e dizer que ele não tinha o direito de brincar com o coração dela. Que ele foi cruel demais quando confessou, numa noite fria de inverno, em meio a uma conchinha depois de um sexo qualquer, que a tinha traído com a hostess do bar na noite anterior. E que tinha bancado a desencanada quando topou revê-lo esporadicamente para assuntos sexuais, mas que tinha falhado na missão. Com ele, não se envolver era missão impossível. No entanto, nada seria dito e ela novamente engoliria o choro. Seguiria os dias normalmente. No trabalho, ninguém perceberia que ela morria por dentro enquanto digitava os relatórios.
A dor iria diminuindo a cada dia, até desaparecer.
Pra voltar novamente, dilacerando o coração masoquista por causa de um outro amor.

Signs


 Depois disso... O que mais dizer?

Me odeio por te amar - Música


Vai lá

 Por que não some de vez? Não seria mais fácil assim?
 Por que não deleta de vez? Não seria mais fácil...
 Por que não apaga, não evapora, não esquece...?
 Por que se prende, se amarra, se mantém?
Você já tem algo, que mania de cismar, de permanecer, de ir até o fim. Que teimosia de ficar onde já não lhe faz bem. Anda menina, liga essa luz, calça o salto e pula, vai.
 Já percebeu que sua história sempre tem o mesmo fim? Já acordou e viu que está no mesmo lugar? Então para de andar em círculos e corre para outro trajeto, olha aí na sua frente outras opções. Abraça o mundo com força e troca seu rumo, deixa passar o que tem que ser passado e vai, simplesmente vai. Deixa ir, deixa correr, deixa passar...
 Vai menina, não perde mais tempo não, troca porque você já sabe o que não te completa e conhece o que te agrada.
 Palavras... você sabe que só precisa de palavras.
Vai então, por que não faz isso, hein? Só mais um pouquinho de vontade, de dedicação, de água e sabão, ok?
 Então vamos lá, próximo passo...........?

Agora

 Agora não tenho palavras, nem passos eu tenho. Agora perdi meus pensamentos, meus sonhos, meus planos... Nem simples metas eu tenho.
Agora perdi o rumo, o prumo, o anseio. Agora perdi o agora e sou passado. Agora tenho futuro, tenho força, tenho paz. Tenho solidão, tenho presença, tenho bagunça, tenho medo. Não tenho mais...
Agora já não é agora quando tudo se modificou. Agora restou o nada do amor que arrastou. Agora a água já não é tão dura e o chão já não se faz tão macio.
Agora rodopio em meio a tudo de um nada no qual me sacio. Sede, tenho sede, mas nada tomo para mim.
Agora não existe fuga nem solução, agora só tenho o agora e por agora está bem assim.

Eu não

 Eu não te vejo...........
 Eu não te sinto.............
 Eu não te quero.......
 Eu não te lembro.........
 Eu não te respiro...........
 Eu não te tenho...................
 Eu não te amo.................
 Eu não te gosto...........
 Eu não te ignoro..........
 Eu não te odeio........
 Eu não te culpo........
 Eu não te anseio.........
 Eu não te desejo.........................
 Eu não te busco.........
 Eu não te nada..........
 Eu não te te...............
 Eu não te conheço..............
 Eu não te entendo......
 Eu não te adivinho.........
 Eu não te entrego.......
 Eu não te solto....................
 Eu não te prendo.............
 Eu não te copio............
 Eu não te tatuo..........
 Eu não te agarro...............................
 Eu não te ... eu não.......................................................................................................................................................................................................................................................... eu não TE................................................................................................................................. eu não................................................eu não te esqueço...............................................

sexta-feira, 5 de julho de 2013

Frase

"Tenho ido bem sem você, tirando o fato de que sem a sua boca meus lábios racham de frio ou que sem seu sorriso tá tudo mais nublado aqui. Sim, eu tenho ido bem sem você. Até aprendi a mentir." (Douglas Cordare - Sobre os meus passos sem você.)

É...

Estou piscando? Porque não tenho certeza se estou com os olhos abertos.
Estou respirando? Já não tenho certeza que o pulmão funciona.
Será que me mexo? Não sei...
Olho para os lados, como é que vim parar aqui? Que beco é esse em que fui me enfiar?
A pergunta certa é: qual a porta por onde posso sair?
Chaves, correntes, sombras, casacos, pés. Coisas que me velam, coisas que me... Me?
Foco, equilíbrio, busca, paz. Paz? conformismo...
E viver... Viver? Sobrevida.
É... ser plenamente feliz foi algo que descobri com você.

O que me Importa


                            O QUE ME IMPORTA
O que me importa
Seu carinho agora
Se é muito tarde
Para amar você...
O que me importa
Se você me adora
Se já não há razão
Prá lhe querer...
O que me importa
Ver você sofrer assim
Se quando eu lhe quis
Você nem mesmo soube dar
Amor!...
O que me importa
Ver você chorando
Se tantas vezes
Eu chorei também...
O que me importa
Sua voz chamando
Se prá você jamais
Eu fui alguém...
O que me importa
Essa tristeza em seu olhar
Se o meu olhar tem mais
Tristezas prá chorar
Que o seu!...
O que me importa
Ver você tão triste
Se triste fui
E você nem ligou...
O que me importa
Seu carinho agora
Se para mim
A vida terminou
Terminou! oh! oh! oh!
Terminou! oh! oh! oh!
Oh! oh! oh!...

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Olhando para trás

Tenho vontade de perguntar baixinho: você não gosta nem um pouquinho de mim? Nem sequer um tiquinho? Olha só: eu tenho os dedinhos do pé bem estranhos. Eles não são absurdamente merecedores de amor?” 
Tati Bernardi


 Nossa, acho que realmente andei perdida de mim.
 Distante de quem eu sou, da minha essência. .
 Fui consumida...Principalmente pela ilusão.
 Eu me doei tanto, e quando tudo ruiu, eu não soube lidar com a situação.
  "Só um pouco de amor", era quase que meu mantra para o universo.
A sempre tão independente, tão auto suficiente, estava cansada de cuidar de si...
 Quero um pouco de paz, de leveza, de descomplicação.
 E o resto? Sei lá..........

E eu, finalmente, deixei de ter pena de mim por estar sem você e passei a ter pena de você por estar sem mim. Coitado.” 
Tati Bernardi



quarta-feira, 3 de julho de 2013

Pensamentos

 Quem controla um pensamento? Ele é sempre tão poderoso... Atrai coisas.
 Pensamento... É muito difícil filtrar o que vem e o que vai. É muito difícil, quase impossível barrar um quando aparece, por mais que não queria, ele aparece... E aí, vem, e aí, fica, e aí.............
 Estou precisando pensar. Na minha vida, no meu futuro, nas coisas que quero para mim. Estou precisando pensar para me encontrar de novo. "As vezes é preciso se perder, para se achar"... Já estou perdida há um tempo, agora está na hora de me encontrar não é?
 Mas esses pensamentos que me perseguem, pensamentos que me prendem ao passado e me atrapalham a seguir em frente. Pensamentos que me confundem e comprometem minhas decisões. Sim, quis fugir, mas dos pensamentos, não dá, não tem jeito, não tem como...
 E é um "poxa vida" aqui, um "eu queria tanto" ali, e quando percebo, lá estou novamente, naquele velho lugar, querendo aquele velho desejo, esperando aquela velha coisa... A minha sorte, é que estou com o racional no modo ON no momento, ele dominou tudo porque meu coração fez uma bagunça danada por aqui e não aguentou o tranco. É assim, o coração vira tudo pro ar, a razão vem e arruma, mas depois ela cede espaço pra ele de novo. Mas por enquanto, está tudo sob controle aqui.
 Só esses pensamentos que são teimosos demais para desaparecer completamente... Ok, sou paciente, sei esperar. Agora é focar em pensamentos novos até os velhos me deixarem.

Rato meu querido Rato...


Não adianta... Tem certas coisas que simplesmente são especias e... ficam.


Vamo lá!!!
Todo rato tem rabo longo
Todo rato tem faro esperto
Todo rato curte escuro, lambe restos
Todo rato deixa rastro
Todo rato trai e mente
Todo rato assusta a gente
Todo rato anda em bando
São os ratos, são os ratos, são os ratos
Bem malandros...
Mas sempre tem um que é diferente
Tem sempre um que até surpreende a gente
Esse rato que aqui se mostra
É um rato que a gente gosta
É um rato que ao invés de catar
Lasquinhas de queijo e comer na rua
Prefere mil vezes um beijo
Um beijo brilhante da lua
Lua minguante Lua crescente
Declaro ser o seu mais lindo amante
Com você eu quero me casar
Fazer da noite escura
O nosso altar...
Rato meu querido rato
Eu não sou assim de fino trato
Pra selar esse contrato
Minha luz é passageira
Fico sempre por um triz
Mesmo quando estou inteira
Vem a nuvem me cobrir
Ela sim nuvem faceira
É que lhe fará feliz
Nuvem redonda que cobre o luar
Declaro ser o seu mais lindo amante
Com você eu quero me casar
Fazer do céu imenso o nosso altar...
Rato meu querido rato
Eu não sou assim de fino trato
Pra selar esse contrato
Minha sombra é tão nublada
Fico sempre por um triz
Mesmo quando estou parada
Vem a brisa a me diluir
Ela sim brisa danada
É que lhe fará feliz
Brisa macia
Que destrói a nuvem que cobre o luar
Declaro ser o seu mais lindo amante
E com você eu quero me casar
Fazer do vento nosso altar...
Rato meu querido rato
Eu não sou assim de fino trato
Pra selar esse contrato
Mesmo quando sopro forte
Vem a parede a me barrar
Só a parede de uma casa
Não deixa a brisa passar
Ela sim dura parede
É que aprenderá te amar
Parede parada
Que para a brisa que destrói a nuvem
Que cobre o luar
Declaro ser o seu mais lindo amante
E com você eu quero me casar
Fazer da terra o nosso altar...
Rato meu querido rato
Eu não sou assim de fino trato
Pra selar esse contrato
Meus tijolos são de barro
Mas não é difícil me esburacar
Mesmo sendo bem segura
Vem a ratinha me cavoucar
Só a ratinha bem dentuça
Saberá como te amar
Ratinha dentuça
Que cavouca a parede que barra a brisa
Destrói a nuvem que cobre o luar
Declaro ser o seu mais lindo amante
E com você eu quero me casar
Fazer da natureza o nosso altar...
Rato meu querido rato
Eu que sou assim de fino trato
Pra selar esse contrato
O meu faro é tão certeiro
Com você vou ser feliz
Mesmo não sendo perfeita
Eu sou a ratinha eleita
Fico toda aqui sem jeito
esperando um grande queijo...
OPS!!!
esperando um grande beijo...
Toda rata tem rabo longo
Toda rata tem faro esperto
Toda rata curte escuro, lambe restos
Toda rata deixa rastro
Toda rata trai e mente
Toda rata assusta a gente
Toda rata anda em bando
São as ratas, são as ratas, são as ratas
Bem malandras