quinta-feira, 11 de julho de 2013

Mais um dia


 É difícil acordar tendo ao lado essa ausência tão presente. Abrir mais uma vez os olhos e respirar esse ar que já não carrega mais seu aroma é um tanto atordoador. Percorro meus dedos no lençol a busca de um traço, um fio de cabelo, uma dobra, algo que tenha sido esquecido por você ali, não há nada. Resolvi trocar a música do despertador, mas mesmo que soe outra melodia, nossa canção ainda toca na minha mente.
 É sexta feira, prenúncio de mais longas horas sem você. Me viro para o lado, abraço o travesseiro, um entre os braços e outro entre as pernas para tentar minimizar o vão entre eles, não pisco, concentro meu olhar em um ponto neutro e espero, espero, espero, logo vai passar, afinal é assim toda manhã e sempre passa. Algumas imagens, lembranças, saudade, dor. Pronto, já posso me levantar. Por hoje já tive minha cota de você.
 Agora lavo o rosto, penteio os cabelos, troco de roupa. Calço aquele meu tênis surrado que tantas vezes me levou em um passeio com você. Jogo um livro na mochila, nada de amor, agora só leio ficção científica ou alguma biografia chata, sem romance.
 Um copo de leite, você quer? Engulo 500 ml de Nescau gelado e parto para rua. Antes olho no espelho de relance e relembro mais uma vez as várias vezes que me vi ali refletida junto de você. A gente se olhava, a gente sorria, a gente era feliz.
 É hora de ir. Abro a porta, saio, tranco e vou embora.
 Mais um dia como todos os outros, mais um dia sem você. Apenas mais um dia.

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